quarta-feira, 16 de março de 2011

RS - Conflito entre a Pesca e o Surf


Abaixo informações sobre conflito que ocorre no litoral gaucho entre os pescadoresde rede e os surfistas que alegam o risco de se engancharem nas redes podendo ocorrer até a morte do surfista, como ocorreu em novembro do ano passado, enquanto que os pescadores alegam que a pratica de surf atrapalha a pesca.

Medidas de ordenamento tem sido tomadas sendo que acabou de ser promulgada uma lei a respeito (abaixo).

Redes de pesca
Cabos recolocados no Sul

Por Redação Waves em 16/03/11 11:47 GMT-03:00

Comunidade gaúcha faz alerta para recolocação de cabos de redes de pesca. Foto: Reprodução.

Como acontece em todos os anos, a recolocação de cabos de redes de pesca retirados na época de verão começa nesta quarta-feira no Rio Grande do Sul.

Devido a um acordo entre pescadores e municípios, muitas das áreas que estavam liberadas para surf durante o período de veraneio serão realocadas para a pesca profissional artesanal.

Para a própria segurança, é vital que os surfistas reavaliem as praias antes de entrarem na água,

Fonte Ondas do Sul



Fonte: Federação Gaucha de Surf (FGS)

Corda ultrapassava toda a extensão da plataforma de Atlântida

Na mesma semana em que foi liberado o uso de cabos de rede de pesca na orla das praias gaúchas, uma nova ameaça aos surfistas surgiu no mar de Atlântida, próximo à plataforma.

A presença de uma boia com uma corda que ultrapassava toda a extensão da plataforma causou preocupação entre os praticantes do surfe. Avisado do problema, o presidente da Federação Gaúcha de Surfe, Orlando Carvalho, mobilizou Brigada Militar, Bombeiros e colegas para recolher o cabo.

Cabos de pesca são liberados no litoral

Foram necessários dez homens para retirar a corda do mar. O grupo, formado por cinco surfistas e cinco bombeiros, levou duas horas para concluir a operação. Um jet-ski, cedido por uma empresa que trabalha para a federação gaúcha, facilitou o acesso ao cabo.

— Acredito que a corda tenha vindo de alto-mar. Estava sem a rede de pesca, era apenas a boia e a corda. Provavelmente os pescadores tiraram a rede pois sabiam que a ressaca levaria a corda adiante — disse Carvalho. Segundo ele, são justamente as cordas soltas no mar as causas da maioria das mortes de surfistas no litoral gaúcho:

— Pelo menos 80% das mortes de surfistas são em decorrência de ficarem presos a esses cabos.

Desde terça-feira, pescadores foram autorizados a usar cabos de rede de pesca na orla das praias gaúchas. Proibida em dezembro passado, a restrição fez parte de um conjunto de medidas para solucionar o impasse entre surfistas e pescadores.

Em novembro passado, a morte do estudante Thiago Rufatto, de 18 anos, reativou a polêmica sobre a demarcação de áreas para surfe e para pesca. Preso em um cabo enquanto surfava, em Capão da Canoa, Rufatto permaneceu cerca de 30 minutos submerso. A sinalização com o aviso das demarcações dos locais liberados para surfe e pesca estavam em um depósito da prefeitura do município.

Durante três meses, uma comissão elaborou um estudo estabelecendo as regiões mais adequadas para o surfe e para a pesca. O grupo, formado por representantes das duas categorias, visitou todos os municípios do Litoral Norte para dialogar com as entidades representativas e atender às peculiaridades de cada local.

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Materia da manhã de hoje

Duas bóias com bandeira e resto de redes e cabos foram avistadas em locais diferentes da costa gaúcha justamente no dia da liberação para redes de pesca (dia 15 de Março).

Uma curiosidade é que os dois equipamentos não são do tipo dos que são fixados na praia, e sim de barcos de pesca, as quais foram jogadas para costa após a última ressaca, ou seja este tipo de equipamento pode aparecer em qualquer local, a qualquer hora mesmo sendo um local demarcado para surf ou não.

Estas bandeira com bóias são presas as pontas das grandes redes jogadas pelos barcos de pesca em alto mar e servem para facilitar a localização das extremidades da mesma afim de facilitar o recolhimento.

Cabe novamente lembrar que mesmo com a proibição da pesca em locais demarcados para surf não estamos livres de nos deparar com uma rede destas durante o surf.

A rede da Barrinha de Tramandaí, conforme foto anexo a matéria, sumiu, provavelmente foi levada para dentro do rio Tramandaí, mas a da plataforma de Atlântida ainda encotra-se lá.

A FGS ja esta sabendo desta rede e deverá tomar providencias ainda hoje.


A polêmica entre surfistas e pescadores no Rio Grande do Sul
Por João Paulo Lucena | 06/03/2011 - Atualizada às 07:15

Procurando regular um antigo conflito entre surfistas e pescadores nas praias do Rio Grande do Sul, no início deste ano, o Governo do Estado sancionou uma lei que estende de 400 metros para 2,1 quilômetros as áreas de surfe no litoral gaúcho e determina a adoção de equipamento de segurança pelos surfistas. Nas praias gaúchas, este é um problema gravíssimo e 49 praticantes deste esporte já morreram presos em redes de pesca desde 1978, sendo o último em novembro do ano passado

A lei, que se originou do Projeto de Lei nº 113/2010, do Deputado Estadual Fernando Záchia, não se limita ao surfe, mas determina a obrigatoriedade da demarcação das áreas de pesca, lazer ou recreação nos municípios com orla marítima, lacustre ou fluvial. Apesar de recém publicada, já está causando diversas polêmicas.

Atendendo a uma antiga reivindicação dos surfistas, o projeto repercutiu negativamente entre pescadores e o Ministério da Pesca, uma vez que, para os primeiros, a nova regulamentação inviabilizará a pesca familiar e gerará desemprego. Mas quem tem razão? Será que não há espaço para todos?

O certo é que os pescadores continuarão a pescar e os surfistas a surfar e temos aí a necessidade de ponderação entre dois valores ligados à vida: de um lado a proteção aos surfistas que exercitam o seu direito de acesso ao mar para prática de esporte, lazer e até profissão; do outro os pescadores profissionais que tiram do mesmo mar a sua subsistência.

Como as áreas de surfe devem ser demarcadas em zonas urbanas, os pescadores afirmam que é justamente nelas que historicamente criaram raízes e que é do mar que retiram a sua subsistência e de suas famílias. A primeira polêmica é sobre como vai ser feita a demarcação, se uma por município ou se uma por cada zona urbana, o que multiplicaria em muito o número de zonas restritas ao surfe.

Simulações e exemplos - O litoral do Rio Grande do Sul possui 622 quilômetros de extensão, o que , hipoteticamente, seria suficiente para criar 296 áreas contínuas para prática de surfe. Já o chamado litoral norte do Estado possui 112 quilômetros, possibilitando 53 zonas exclusivas de surfe lado a lado.

Por sua vez, na extensão de litoral total do Rio Grande do Sul, há apenas 17 municípios (Torres, Arroio do Sal, Terra de Areia, Capão da Canoa, Xangri-lá, Osório, Imbé, Tramandaí, Cidreira, Balneário Pinhal, Palmares do Sul, Mostardas, Tavares, São José do Norte, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Chuí) o que contabilizaria apenas 35,7 quilômetros de litoral bloqueados para a pesca.

Ainda, considerando que nos 112 quilômetros do litoral norte do Estado onde se concentram a maioria dos surfistas são apenas 10 municípios, calculando uma zona de surfe por cada um teríamos 21 quilômetros para os esportistas e 91 para os pescadores.

O que causa dúvida é que nestes municípios existem outras zonas urbanas que consistem em praias e balneários e que somam várias centenas por todo litoral. Todavia a lei refere que as prefeituras é que deverão criar estas zonas de exclusão para pesca, não deixando claro se será uma para cada município ou uma para cada zona urbana, praia ou balneário. Qual a diferença que isto faz? Bom, somente o município de Arroio do Sal conta com 48 balneários.

O segundo ponto polêmico é que, assim como a nova lei estabeleceu restrições para os pescadores a fim de prevenir novos acidentes por afogamento, a mesma também estabeleceu responsabilidades para os surfistas, tornando obrigatória a utilização de equipamentos de segurança, mas sem especificar o tipo a ser adotado.


 

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